Transporte de transformador gigante tem manobras, acordos com governos, meses de estudo e estrutura de 600 toneladas; veja detalhes da operação
30/04/2025
(Foto: Reprodução) Comboio tem 113,7 metros de comprimento e, para isso, foi necessário fazer estudos minuciosos para a passagem do equipamento. Transformador sai de Pernambuco para a Paraíba. Confira percurso que será feito para levar transformador de energia eólica para a Paraíba
Um novo transformador de energia eólica irá passar pela BR-101, a partir da quinta-feira (1º), assim como aconteceu em março deste ano. Como na primeira vez, será necessária uma grande operação logística entre empresas e órgãos públicos para que tudo aconteça com o mínimo possível de transtorno.
Em março, curiosos e moradores transformaram a passagem do equipamento de 250 toneladas em uma grande festa, com direito a fantasias, churrasco na beira da pista e muita brincadeira com a situação inusitada.
O g1 conversou com as empresas responsáveis pelo transporte e logística da operação e registrou alguns detalhes e curiosidades sobre o procedimento.
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Toda a operação logística foi planejada pela Movecta, empresa com sede em São Paulo e com terminais marítimo e terrestre no Complexo de Suape, entre os municípios do Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca, no Grande Recife.
O transporte ficou sob responsabilidade da companhia pernambucana Saraiva Equipamentos. O engenheiro de operações da empresa, Theo Morais, é o responsável pelo transporte do transformador gigante.
Segundo ele, todo o planejamento começou com cerca de cinco meses de antecedência. Estudos de viabilidade geométrica e estrutural foram realizados para conferir se seria possível passar com o veículo que leva o equipamento por todo o trecho.
📏 O transformador que está sendo carregado tem 250 toneladas, 11,2 metros de comprimento, 4,2 metros de largura e 4,5 metros de altura.
🛻 Para transportá-lo são utilizados três caminhões e dois semirreboques, além da base que leva o equipamento. A estrutura completa tem 113,7 metros de comprimento e pesa 600 toneladas.
📐 O estudo de viabilidade geométrica avalia as manobras que serão realizadas durante o percurso, calculando raios de curvatura e ângulos possíveis para que o veículo realize curvas e desvios.
🚧 Já o estudo de viabilidade estrutural avalia as vigas e a resistência de pontes e viadutos, para confirmar se todos os trechos são capazes de suportar o peso da carga sem colapsar.
Segundo Theo Morais, a partir dos estudos de viabilidade, são planejados reforços em vigas, a retirada temporária de placas de sinalização e o alargamento, com estruturas de madeira, de trechos onde a pista possa ficar estreita, impossibilitando curvas.
"As manobras foram o principal desafio [no primeiro transporte]. O viaduto [em frente ao hospital] Miguel Arraes, em Paulista, foi um ponto de atenção, porque é um retorno basicamente em 180 graus. Lá em Igarassu, a gente precisa tirar defensas e placas de sinalização para conseguir passar com a carreta, e depois colocar de novo", explicou Theo Morais.
Mesmo o transformador tendo somente 11,2 metros, todo esse desafio é necessário por conta do comprimento de todo o comboio de transporte, que passa dos 113 metros.
Segundo Theo Morais, a diferença de tamanho da carga e do transporte acontece por conta na necessidade de distribuição do peso na base.
Na prática, o peso total da carga é dividido em 44 eixos, com oito pneus cada. Há, ainda, dez eixos adicionais dos cavalos mecânicos (tipo de caminhão que fornece força motriz para rebocar a carga), totalizando 54 eixos para distribuir as 600 toneladas.
Dessa forma, o peso é dividido por toda a estrutura, sem sobrecarregar a estrada e viadutos em um único ponto.
Transporte do primeiro transformador durante passagem pela Paraíba
Thiago Marques/@dronandojp
Operação logística
Muito antes de ganhar a estrada, a operação para transportar o gerador começa no Porto de Suape, quando a carga chega da China através de navio.
É lá onde fica um dos terminais marítimos da Movecta, responsável pela logística desde o recebimento até o destino, no complexo eólico Serra da Palmeira, na Paraíba.
Em entrevista ao g1, o diretor da Movecta, Roberto Teller, explicou que a empresa é responsável pela contratação da transportadora e do contato com todas as equipes necessárias, como a Polícia Rodoviária Federal (PRF), secretarias municipais de trânsito das cidades por onde a carga passa e a Polícia Militar, que faz a escolta com batedores.
🛣️ A movimentação do megaequipamento deve durar cerca de 20 dias, em um percurso de aproximadamente 500 quilômetros.
"Como o trajeto é muito longo, muitas vezes você só tem autorização da secretaria [de trânsito] para poder trafegar à noite. Nem sempre você pode ir diretamente de dia, e você vai numa velocidade de sete quilômetros por hora por todo esse percurso. É uma operação muito complexa, muito demorada", explicou Roberto Teller.
Para o diretor da empresa de logística, o principal desafio é garantir a integridade da carga até o final do percurso. Outros materiais de grande porte transportados pela companhia incluem pás eólicas, tratores, diversos tipos de transformadores e equipamentos para montagem de fábricas.
Interdições na BR-101
Segundo a PRF, o comboio deve cruzar a divisa com a Paraíba no dia 5 de maio, depois de passar por sete municípios. A escolta será realizada por 12 viaturas e oito motocicletas da corporação, além de carros de apoio.
O percurso será dividido em três etapas, com interdições nos diferentes locais, conforme o cronograma abaixo:
Quinta-feira (1º): saída às 5h do Cabo de Santo Agostinho, passando por Jaboatão dos Guararapes, Recife e Paulista, com previsão de chegada às 14h;
Sexta-feira (2): saída de Paulista às 5h, passando por Abreu e Lima até parar em frente ao posto da PRF em Igarassu, onde ficará estacionado durante o fim de semana por causa da eleição suplementar em Goiana, no domingo (4);
Segunda-feira (5): o traslado é retomado às 8h, passando por Goiana, até chegar à divisa com a Paraíba.
Durante o transporte do transformador, haverá desvios em nove pontos:
Charneca (km 103), na saída da rodovia em direção à BR 101 antiga, em Jaboatão dos Guararapes;
Viaduto da Coca-Cola (km 82), na saída da rodovia em direção à Estrada da Batalha em Jaboatão dos Guararapes;
Fórum de Jaboatão dos Guararapes (km 80), na saída da rodovia em direção a Prazeres;
Ibura (km 76), na saída para a Avenida Dois Rios em direção ao Ipsep;
Ibura/Milagres (km 73), na saída para a Avenida José Rufino;
Hospital da Mulher no Curado (km 71), na saída para a Avenida Abdias de Carvalho;
Viaduto da Caxangá (km 67), na saída para a Avenida Caxangá;
Viaduto de Dois Irmãos (km 64), na saída para a Avenida 17 de agosto;
Terminal da Macaxeira (km 63), na saída para a Avenida Norte.
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