Por dentro da Blue Zone da COP 30: o espaço controlado pela ONU em Belém
27/10/2025
(Foto: Reprodução) Blue Zone é construída no Parque da Cidade para abrigar a COP 30 em Belém
A 14 dias da Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 30), Belém está nos toques finais de um dos espaços mais estratégicos do evento: a Blue Zone, área que será administrada pela ONU e é onde serão realizadas as negociações diplomáticas entre chefes de Estado, ministros e delegações estrangeiras.
Instalado no Parque da Cidade, em Belém, o projeto custou R$ 423.514.812,71 e inclui um corredor de quase 1 km entre as estruturas temporárias que estão sendo montadas por um grupo vencedor da licitação conduzida pelo governo federal. O status da construção ainda não foi informado.
O espaço todo possui 250 mil metros quadrados, sendo 125 mil destinados à montagem, e ganha forma com 64 estruturas modulares que receberão climatização, paredes acústicas e forros de lycra produzidos de forma artesanal por costureiras de Belém.
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Área da Blue Zone, construída no Parque da Cidade, em Belém.
Reprodução / DMDL
Empregos
A Blue Zone movimenta a economia da capital paraense, segundo o CEO do projeto, Marcos Gamboa, do Grupo DMDL. Ele disse que são mais de 300 postos de trabalho diretos criados, e a expectativa é chegar a 2 mil empregos diretos e indiretos até a conclusão das obras.
“São mais de 125 mil metros de tenda, equipadas com piso elevado, climatização e mobiliário. A montagem envolve hoje cerca de 380 profissionais, a maioria de Belém, e deve chegar a 2,5 mil pessoas durante o pico dos trabalhos”, afirma Gamboa.
Nos galpões do projeto, costureiras transformam faixas de elastano em grandes revestimentos que vão compor o teto da estrutura diplomática. As cortinas e forros, explica o executivo, serão reaproveitados em outros eventos após a conferência, numa estratégia alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
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Reprodução / DMDL
Logística e sustentabilidade
O transporte dos materiais exigiu uma operação nacional. “Tivemos cerca de 120 carretas trazendo material por terra e parte chegando por contêineres via porto, para reduzir custos", conta o CEO.
Iniciada em 7 de julho, a montagem avança conforme o cronograma e deve ser entregue até o fim de outubro, liberando o espaço para que a ONU assuma a instalação e os protocolos de segurança antes do início da COP30, marcada para 10 a 21 de novembro.
Mesmo com o regime intenso de chuvas na capital paraense, Gamboa afirma que a drenagem e o asfalto aplicados no terreno evitaram alagamentos. “O governo fez obras de escoamento que deram resultado. Apesar das chuvas diárias, não tivemos nenhum problema.”
Uso e desmontagem
Durante o evento, a Blue Zone abrigará reuniões oficiais, plenárias e negociações entre governos, com 50 mil participantes esperados segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (UNFCCC). Após o encerramento, todo o material temporário será retirado ou reaproveitado, segundo a empresa.
“Parte das estruturas, como paredes de madeira e pisos, terá o descarte realizado por cooperativas locais; já as tendas e lycras serão reutilizadas”, explica Gamboa.
O Parque da Cidade, que continua a abrigar a chamada Green Zone, área aberta ao público com atividades culturais e debates, segue parcialmente interditado para a conclusão da montagem diplomática.
“A COP em qualquer parte do mundo é um grande desafio, e não é diferente aqui. Em nada devemos para outras cidades. Estamos mostrando que é possível entregar um projeto dessa dimensão na Amazônia, com mão de obra local e soluções sustentáveis".
O que é Blue Zone?
A Conferência das Partes (COP) tem duas áreas principais: a Blue Zone e a Green Zone.
A Blue Zone é o espaço oficial das negociações climáticas internacionais, sob gestão direta da ONU (UNFCCC). É nela que ocorrem reuniões plenárias, sessões entre delegações governamentais, pronunciamentos de chefes de Estado e a definição de acordos multilaterais. O acesso é restrito a delegados credenciados, representantes de agências internacionais, imprensa e observadores reconhecidos pela ONU.
Já a Green Zone é administrada pelo país anfitrião e aberta ao público. Serve como vitrine de inovação, educação e engajamento da sociedade civil, reunindo ONGs, empresas, universidades e cidadãos em debates, exposições e apresentações culturais. O objetivo é democratizar o diálogo climático e aproximar a agenda ambiental das comunidades, complementando o trabalho diplomático da Blue Zone.
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