PF conclui relatório e detalha esquema de lavagem de dinheiro envolvendo o influenciador Buzeira e o empresário Rodrigo Morgado; entenda
27/11/2025
(Foto: Reprodução) Relatório da PF detalha esquema de lavagem de dinheiro de Buzeira e Rodrigo Morgado
A Polícia Federal (PF) concluiu o primeiro relatório da Operação Narco Bet, detalhando o esquema de lavagem de dinheiro de uma organização criminosa que envolve o empresário Rodrigo Morgado e o influenciador digital Bruno Alexssander Souza Silva, mais conhecido como Buzeira. O material, que indicia 11 suspeitos, foi encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF) e o órgão ofereceu denúncia à Justiça.
A Operação Narco Bet foi deflagrada em outubro, após investigações apontarem que o dinheiro do esquema de lavagem de dinheiro ligado ao tráfico internacional de drogas poderia ter sido direcionado para o setor de apostas eletrônicas, as chamadas bets.
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A ação foi um desdobramento da Operação Narco Vela e apreendeu carros de luxo, joias, relógios, jet skis e dinheiro. Além disso, mais de R$ 630 milhões em bens e valores foram bloqueados por medidas judiciais.
Buzeira (à esq.) e Rodrigo Morgado (à dir.) foram presos durante Operação Narco Bet, da PF
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O que cada um fazia?
De acordo com o relatório da PF, Buzeira era responsável pela geração do dinheiro irregular, a partir de rifas e apostas clandestinas. Enquanto isso, o contador Rodrigo Morgado foi descrito pela corporação como um “banco particular” dos investigados.
Segundo a apuração da PF, Morgado seria responsável pela organização financeira do grupo, criando empresas de fachada, emitindo notas fiscais sem lastros, operando criptoativos e reintroduzindo os valores no sistema formal.
Crimes e valores
De acordo com as análises da polícia, Morgado teria movimentado mais de R$ 156 milhões em contas pessoais e recebido mais de US$ 15 milhões em criptomoedas.
No relatório, a corporação elencou 21 tipos de lavagem de dinheiro entre Buzeira e Morgado. Entre os exemplos, estão a compra de um imóvel de R$ 6 milhões, a manutenção de um caixa paralelo e a emissão de uma nota de R$ 50 milhões para justificar entrada de recursos.
Além da dupla, outras nove pessoas foram indiciadas pelo crime de lavagem de capitais. Quatro delas respondem por organização criminosa e três pelo uso de documento falso em processos empresariais.
Buzeira (à esq.) e Rodrigo Morgado (à dir.) foram presos durante Operação Narco Bet, da PF
Reprodução/Instagram
Defesa
O advogado Felipe Pires de Campos, que representa Rodrigo Morgado, informou que o cliente foi citado como “chefe financeiro” de uma organização criminosa no relatório da PF.
“Contudo, com o oferecimento da denúncia pelo Ministério Público, verificou-se que a suposta organização descrita se refere exclusivamente a possíveis ilícitos de natureza econômica, não havendo qualquer imputação relacionada a tráfico internacional”, afirmou o advogado. Ele ainda disse que confia no esclarecimento dos fatos e no processo legal.
O g1 não conseguiu contato com a defesa de Buzeira até a publicação desta reportagem.
Operação Narco Bet
Operação Narco Bet cumpriu mandados na Baixada Santista
Reprodução/TV Tribuna
Morgado foi preso em 14 de outubro de 2025, no bairro Ponta da Praia, em Santos. A corporação encontrou repasses de R$ 19 milhões do contador para a empresa do influenciador Bruno Alexssander Souza Silva, conhecido como Buzeira, que também foi detido na mesma operação da PF.
A ação contou com cooperação da Polícia Criminal Federal da Alemanha (Bundeskriminalamt – BKA), responsável pela execução de medida cautelar de prisão contra um dos investigados.
No total, foram 11 ordens de prisão e 19 mandados de busca e apreensão em quatro estados brasileiros: São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Carros de luxo importados, joias e dinheiro em espécie estão entre os itens apreendidos.
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