Extensão universitária transforma realidades além dos muros acadêmicos
15/09/2025
(Foto: Reprodução) A extensão universitária é uma das vertentes mais poderosas da educação superior no Brasil, pois conecta o saber acadêmico com as necessidades reais da comunidade. Por meio dela, estudantes não ficam restritos ao ambiente teórico; levam atendimento, aprendizado aplicado, serviços e soluções ao público externo. Estudos recentes mostram que essa articulação entre ensino, pesquisa e extensão melhora a formação do aluno, contribui para a cidadania, reforça a identidade social das instituições e gera impacto econômico e social visível nas regiões atendidas.
No Brasil, segundo o mais recente Censo de Educação Superior, há cerca de 9,9 milhões de estudantes matriculados nos cursos de graduação (presenciais e a distância), o maior número em quase uma década. Também, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a parcela da população com 25 anos ou mais com curso superior ultrapassou 20% — algo que há pouco tempo era considerado uma meta distante. Esses dados apontam uma tendência de crescimento, mas não apagam as desigualdades regionais e sociais no acesso e na participação.
No contexto local, Maringá (PR) — uma cidade considerada polo urbano e de ensino — reforça sua importância educacional e social. Com base no Censo 2022 do IBGE, Maringá tem 409.657 habitantes. A população é quase totalmente urbana: em 2022, 99,4% das pessoas viviam em área urbana, e projeções do Ipardes apontam que Maringá deverá atingir 100% de população urbana muito em breve. Faz parte da Região Metropolitana de Maringá, composta por cerca de 26 municípios, que juntos já ultrapassam 800 mil habitantes: essa região tem experimentado um crescimento populacional acima da média estadual.
Além disso, Maringá tem altíssimo índice de escolaridade para padrões regionais: é o segundo município do Paraná com maior percentual de habitantes com diploma de ensino superior completo, com 30,56% da população adulta formada. Isso coloca Maringá atrás apenas da capital Curitiba no ranking estadual. Esse perfil reforça a relevância de programas de extensão universitária na cidade, pois há uma base social que valoriza a educação e exige serviços, projetos comunitários e engajamento institucional.
No município e em seus arredores, o projeto UniCV em Ação ilustra bem esse poder transformador. Realizado pelos alunos dos cursos presenciais do Centro Universitário Cidade Verde (UniCV) de Maringá, o projeto mobiliza uma série de cursos — Biomedicina, Educação Física, Gestão do Esporte, Fisioterapia, Nutrição, Psicologia, Estética e Cosmética, Direito, Biblioteconomia, Pedagogia, Educação Especial, Serviço Social, Administração e Ciências Contábeis — para oferecer serviços gratuitos à comunidade externa, atendendo municípios vizinhos e bairros menos favorecidos. Entre os serviços prestados estão exames de sangue, glicemia, tipagem sanguínea, orientações sobre saúde mental, alimentação saudável, atividades físicas, oficinas educacionais e jurídicas.
Para a professora Luzia Yamashita Deliberador, responsável pela Diretoria de Extensão que coordena o UniCV em Ação, “o objetivo principal deste evento é criar um espaço de convivência e compartilhamento na comunidade, ampliando o acesso a informações e conhecimentos por meio de atividades educativas que contribuam para o desenvolvimento local e a melhoria da qualidade de vida das pessoas.”
Os efeitos práticos do UniCV em Ação vão além do serviço imediato: fortalecem a confiança da comunidade na instituição, estimulam o protagonismo dos estudantes, promovem sensibilização para problemas locais, além de contribuir para a formação de cidadãos mais conscientes. Estes estudantes relatam que envolvimento com extensão melhora seu desempenho acadêmico e os prepara melhor para os desafios profissionais.
Num cenário em que o Brasil avança para que mais pessoas tenham ensino superior — e onde estados como o Paraná ocupam lugar de destaque entre aqueles com mais estudantes universitários no país, com cerca de 687,5 mil estudantes matriculados em instituições de ensino superior públicas e privadas — as iniciativas extensionistas ganham ainda mais relevância. Maringá, como polo regional, atrai comunidades de municípios vizinhos, os quais dependem muitas vezes desses projetos extensionistas para acesso a serviços de saúde, assessoria jurídica, educação complementar, lazer e cidadania.
