Estoque de comida e proteção em bunkers: brasileiro em Tel-Aviv narra mudanças na rotina da cidade após ataques do Irã
14/06/2025
(Foto: Reprodução) Marcelo Podgaetz vive em Tel-Aviv desde 1999 com a esposa e quatro filhos. Antes ele vivia em Higienópolis, no Centro de São Paulo. Nas últimas 24 horas ele teve que se abrigar no bunker particular quatro vezes. Brasileiro mostra bunker onde tem se abrigado com a família em Israel
A escalada de tensão e ataques entre Israel e Irã já mudou a vida da maioria dos moradores da capital israelense Tel-Aviv, segundo o brasileiro Marcelo Podgaetz, que vive na cidade com a família há mais de duas décadas.
Desde esta sexta (13), quando ocorreram os primeiros ataques recíprocos de mísseis entre Teerã e o governo sionista, os moradores da capital israelense enfrentam uma série de restrições na cidade e uma corrida aos supermercados para a estocagem de comida.
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Em conversa com o g1, Marcelo Podgaetz contou que nas últimas 24 horas já teve que se abrigar no bunker (abrigos subterrâneos contra bombas) do apartamento onde vive com a família por quatro vezes.
“Estamos usando ele [o bunker] há mais de 600 dias, pois tivemos ataques do Hamas, Hezbollah e os Houthi, do Yemen. Foram quatro vezes somente nas últimas 24 horas”, disse o diretor de vendas.
“Nos primeiros ataques, todo mundo já saiu correndo para o supermercado para estocar comida. No segundo dia, ontem, por exemplo, já não tinha mais nada. A gente acredita que no domingo volta o abastecimento normal, tudo se equaliza e volta ao normal. Mas a gente acha que é um conflito que vai durar algumas semanas”, afirmou.
Marcelo Podgaetz vive em Tel-Aviv desde 1999 com a esposa e quatro filhos. Ele mostra o bunker onde se abriga com a família dos ataques aéreos.
Montagem/g1/Reprodução/Acervo pessoal
Marcelo Podgaetz mora em Tel-Aviv desde 199 com a esposa e quatro filhos. Antes ele vivia em Higienópolis, no Centro de São Paulo. A residência onde ele mora atualmente em Tel-aviv é composta de um bunker confortável onde também o quarto de uma das filhas (veja vídeo acima).
Ele contou que desde o início dos ataques do Irã à Tel-Aviv, o governo local fez uma série de restrições de mobilidade para os habitantes da capital israelense.
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Ainda neste sábado (14) há restrição para aglomerações, mas a família está liberada para sair de casa para passear, por exemplo.
“Israel é um país muito dinâmico. Então, cada pergunta que você me fizer, a resposta vai ser diferente daqui a 1 hora, por exemplo. No exato momento, a gente tá na seguinte situação: o governo conversa com a gente o tempo todo através de meios de comunicação, uma tecnologia que nem existe no mundo inteiro. A gente recebe mensagens nos celulares, toda a população de forma automática, em três idiomas, dizendo exatamente o que a gente tem que fazer”, contou.
Bunker familiar de brasileiro que vive em Tel-Aviv desde 1999.
Reprodução
“Agora está sendo indicado que a gente pode sair de casa, mas tem que ficar perto de um bunker. Quem não tem bunker [particular] usa o bunker da prefeitura e assim vai. Essas orientações mudam de acordo com uma série de informações que a inteligência do exército passa. Mas já tem proibições da defesa civil para aglomerações, por exemplo”, declarou.
“O que é que eu espero dos próximos dias?! Bom, é melhor colocar semanas, porque isso vai durar algumas semanas. E uma escalada que, por enquanto a gente tá vivendo as primeiras 48 horas”, comentou.
2º dia de ataques
Vídeo de drone mostra destruição causada por ataque iraniano em Israel
As tensões entre Israel e Irã entram neste sábado (14) no 2º dia. A imprensa estatal do Irã afirmou que mais 60 pessoas, incluindo 20 crianças, morreram em um ataque de Israel contra um conjunto residencial em Teerã, capital iraniana.
Também no sábado, o Irã disparou mísseis e deixou mais duas pessoas mortas e 19 feridas no território israelense, segundo o jornal The Times of Israel.
Com isso, os ataques com mísseis iranianos já somam três mortos e ao menos 82 pessoas feridas desde sexta-feira (13), quando os países trocaram ataques e acusações.
O governo iraniano acusa Israel de iniciar uma guerra ao realizar ataques que deixaram ao menos 78 pessoas mortas no Irã, na sexta. O governo israelense, por sua vez, diz que o conflito vai se estender pele tempo necessário.
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AO VIVO: Acompanhe as últimas atualizações do agravamento da situação Israel x Irã
Veja a seguir o que já aconteceu:
O conflito direto começou na madrugada de sexta-feira, pelo horário local. Israel lançou uma grande operação para bombardear infraestrutura nuclear e autoridades iranianas.
O objetivo da operação, segundo as Forças de Defesa de Israel, é evitar que o Irã consiga desenvolver uma arma nuclear.
O bombardeio matou os chefes da Guarda Revolucionária e das Forças Armadas do Irã. Dois cientistas nucleares também foram mortos.
Além disso, a imprensa estatal iraniana afirma que ao menos 78 pessoas morreram nos ataques de Israel.
Já durante a noite de sexta-feira, o Irã lançou cerca de 100 mísseis contra Israel. Explosões foram ouvidas em Jerusalém e Tel Aviv.
Na manhã de sábado, o Irã fez novos ataques. O serviço de emergência de Israel subiu para três o número de mortos após ofensivas iranianas.
Vídeo mostra ataques de mísseis do Irã atacando Tel Aviv, capital de Israel
O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, acusou Israel de ter iniciado uma guerra e declarou que o governo israelense cometeu "um grande erro".
"A nação iraniana não permitirá que o sangue de seus valiosos mártires fique sem vingança, nem ignorará a violação de seu espaço aéreo."
O Irã também disse que as bases e navios dos EUA, do Reino Unido e da França na região serão alvos se eles ajudarem a impedir os ataques de Teerã contra Israel, informou a mídia estatal iraniana no sábado.
Já o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que os bombardeios vão durar "o quanto for necessário". O líder israelense declarou ainda que não deixará que o Irã tenha uma arma nuclear.
"Estamos em um momento decisivo na história de Israel", disse.
Em vídeo, o premiê de Israel disse ainda: "Desferimos um golpe severo na principal instalação de enriquecimento do Irã. Se necessário, vamos atacá-la de novo". Ele se referia, provavelmente, ao complexo de Natanz.
Netanyahu afirmou que aviões israelenses vão sobrevoar Teerã "muito em breve" e ameaçou ataques ainda mais violentos.
O líder israelense citou ainda os mísseis balísticos iranianos. Segundo ele, as forças de Israel já atuam para destruir o poder de fogo do Irã.
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Como a ofensiva começou
Na madrugada de sexta-feira, pelo horário local, Israel lançou um ataque aéreo contra instalações militares e nucleares no Irã. Segundo o governo israelense, a operação tinha como objetivo frear o avanço do programa nuclear do país rival.
Entre os mortos estão o chefe da Guarda Revolucionária, Hossein Salami, e o chefe das Forças Armadas, Mohammad Bagheri. Também morreram dois cientistas nucleares iranianos.
A agência de notícias iraniana Fars informou que pelo menos 78 pessoas morreram e outras 329 ficaram feridas nos ataques israelenses.
O governo de Israel anunciou que conseguiu causar estragos em infraestruturas nucleares do Irã e afirmou ter destruído boa parte do arsenal de mísseis do país.
Em resposta, o Irã prometeu vingança e lançou uma série de mísseis balísticos contra território israelense na noite de sexta. Explosões foram ouvidas em Jerusalém e Tel Aviv. Pelo menos 40 pessoas ficaram feridas, segundo o jornal Haaretz.
O líder supremo, Ali Khamenei, afirmou que Israel "cometeu um grande erro" e declarou que o país "vai pagar caro" pelas mortes. Segundo ele, o ataque foi uma violação do espaço aéreo iraniano e uma "declaração de guerra".
O Ministério das Relações Exteriores do Irã enviou uma carta à ONU acusando Israel de iniciar o conflito.
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AP Photo/Leo Correa