Atendimentos de saúde mental aumentam 39% entre adolescentes da região de Campinas, e especialista alerta para cuidado com redes sociais
14/06/2025
(Foto: Reprodução) A recomendação é que familiares e pessoas próximas fiquem atentos aos sinais de alerta. Atendimentos de saúde mental aumentam 39% entre adolescentes da região de Campinas, e especialista alerta para cuidado com redes sociais
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O número de adolescentes atendidos por ansiedade e depressão na rede pública da região de Campinas (SP) aumentou 39% em um ano. Especialistas alertam para cuidados nessa fase da vida, principalmente em relação às redes sociais, que podem levar à piora da saúde mental.
Ao longo de 2023, foram 1.405 atendimentos. No ano seguinte, o índice saltou para 1.964. O dado, enviado pela Secretaria de Estado da Saúde, inclui jovens como a Aline Calori, que recebeu o diagnóstico aos 14 anos. A mãe Flávia Calori conta que a jovem se isolou no próprio quarto.
“Aquele quarto escuro onde a gente falava para ela: ‘filha, vamos tomar um pouco de sol, vamos sair, ver gente’. Ela não queria. Ela descia, comia, voltava para o quarto, tomava banho. Acho que tinha dias que ela nem tomava banho”, comenta.
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As duas viram o momento mais difícil ficar para trás com ajuda de remédios e acompanhamento psicológico. Agora aos 17 anos, na fase pré-vestibular, Aline afirma que consegue contornar melhor o nervosismo e a tristeza.
“A terapia me ajudou muito a entender meus sentimentos, como poderia lidar com eles, como eu posso ser mais gentil comigo mesma no meu dia a dia, que eu não preciso me sufocar tanto, me pressionar tanto”.
De acordo com a psicóloga Débora Queiroz, a busca por pertencimento e o excesso de informações e conexões virtuais são fatores que podem agravar a ansiedade natural dessa fase da vida. “O adolescente, quando olha para aquele influencer, aquele post, ele imagina que aquilo seja legal”.
“Ele quer viver uma coisa que não é a realidade. Cria uma ideia de que a vida seja daquela maneira entre comparações, entre ideias, entre formas de ser que não é real. O adolescente vive uma vida que é mais no virtual, com conexões no virtual, quando ele poderia viver conexões no real”.
Sinais de alerta
A recomendação é que familiares e pessoas próximas fiquem atentos aos sinais de alerta. Mudanças no comportamento podem indicar que é hora de buscar a ajuda de profissionais da psicologia e psiquiatria. Veja alguns deles:
mudança no apetite e hábitos alimentares
reações mais agressivas ou irritadas
isolamento social exagerado
Hábitos saudáveis podem ajudar
Débora Queiroz reforça a importância de orientar jovens sobre horários para dormir. Ela conta também que é preciso incentivar a prática de atividades físicas e a construção de relações saudáveis. “Quanto melhor a gente tiver o sono regulado, melhor vai ser para regular o humor”.
“Uma alimentação mais adequada, a gente sabe que o adolescente é mais complicado. Isso ajuda muito na regulação do humor. A gente precisa olhar, também, para as conexões do dia a dia. Ee está tendo exercício físico, conexões reais? Quais são as atividades?”
“Quando mais a gente tirar esse adolescente da tela e colocar esse adolescente com outras atividades, vai ser melhor”.
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